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quarta-feira, 30 de março de 2011

A História da Serpente Negra

Há muito tempo, viveu um rei respeitado pelos seus inimigos e amado pelo seu povo. Este rei não tinha descendente, e seus anos de juventude já estavam distantes. Por isto, chamou um dia seu vizir e disse-lhe:
- Vizir, estou ficando velho e não tive a graça de ter filhos. Minha morte se aproxima, e com isso me trono e minha coroa cairão em mãos estranhas. Temo que minha sucessão coloque o reino em perigo.
- Meu rei - disse o vizir - queira Deus que seus dias ainda sejam muitos. Mas de qualquer forma, tenho uma idéia: proponho que saiamos disfarçados, e procuremos alguém que, por força de sua magia ou de sua fé, possa nos ajudar.
O rei gostou da sugestão do seu conselheiro, e no dia seguinte, aproveitando-se da solidão do amanhecer, saíram os dois disfarçados para uma caminhada de destino incerto. Depois de muitas horas de caminhada, chegaram até uma fonte, onde pararam para descansar. Então viram que ali chegava também um dervixe de longas barbas brancas, de aspecto venerável e vestindo um manto branco. Fez-lhes uma profunda reverência, dizendo:
- Deus salve o rei!
O rei recebeu surpreso a saudação do dervixe:
- Como sabes quem somos, saberás também a que viemos?
O dervixe disse que sim, e deu para o rei uma maçã, dizendo que à noite, ele deveria comer a metade, dando a outra metade à sua esposa. O rei agradeceu, pegou a maçã e fizeram o caminho de volta.
À noite, o rei fez como disse o velho dervixe: antes de deitarem, rei e rainha comeram, cada qual uma metade da maçã. Dias depois, percebeu-se que a rainha estava grávida, enchendo o castelo e todo reino de imensa alegria. Nove meses e dez dias após aquela noite, a rainha sentiu as dores do parto. Foi chamada uma parteira, e quando a rainha ia dar à luz... viu-se que se tratava de uma serpente negra, que tão logo colocou sua cabeça para fora, mordeu a parteira e esta morreu. Uma outra parteira foi chamada, mas também foi morta pela serpente. O mesmo aconteceu com uma terceira e uma quarta parteira, e logo ninguém mais atendeu ao chamado para ser parteira no castelo.
Os guardas andavam de porta em porta pelo reino procurando uma parteira, até que chegaram em uma casa onde a mulher que os atendeu tinha uma enteada a quem odiava e lhes disse:
- Meus filhos, eu tenho um filha que é mestra em trazer crianças ao mundo.
Os guardas pediram então que permitisse que a garota fosse levada ao castelo, e assim foi. Pelo caminho, passaram pelo cemitério, onde estava enterrada sua mãe verdadeira, e ela rezou:
- Mãezinha, mãezinha, minha madrasta me manda para a morte, me ajuda mãezinha!
Ela escutou uma voz que dizia:
- Minha filha, quando chegares no castelo, põe leite numa caixa. A rainha tem uma serpente negra em seu ventre. Coloca a caixa diante de ti, e quando a serpente sair, fecha a tampa e leva a caixa ao rei.
A garota fez como lhe disse a voz: colocou leite em uma caixa, e quando foi atender a rainha colocou a caixa diante de si. Tudo aconteceu muito rápido, mas foi como lhe disse a voz. A serpente saiu para dentro da caixa e a garota fechou a tampa. Depois, levou ao rei para que ele conhecesse seu filho. O rei ficou muito surpreso. Agradeceu e recompensou a jovem com muitas moedas. Então, ela deixou o castelo e, voltando para casa, deu as moedas para sua madastra.
No castelo, o príncipe crescia trancado num quarto no alto de uma torre. Ficava aos cuidados de escravas, porque quem quer que estivesse com ele, exceto seus pais, corria risco de vida. De tempos em tempos, diante de alguma contrariedade, uma escrava era mordida e morria. O rei fazia trazer outra e assim passavam-se os anos.
Quando o príncipe-serpente completou cinco anos, disse para a escrava que então tomava conta dele:
- Diga ao meu pai que eu quero estudar e aprender. Ele deve me trazer um professor.
O rei ficou satisfeito com o pedido. Providenciou que trouxessem um professor e o príncipe começou a ter aulas. Mas logo nos primeiros dias, mordeu o professor, e este morreu. O rei mandou trazer outro, e o mesmo aconteceu, e assim mais outro e outro mais... Até que não se encontrasse no reino alguém disposto a dar aulas para o príncipe. Então o vizir sugeriu ao rei que mandasse buscar a parteira do príncipe para que ela lhe desse aulas.
Esta proposta agradou ao rei, e ele mandou novamente guardas até a casa daquela garota para que a trouxessem. Quando estava sendo trazida ao castelo, passou novamente pelo cemitério onde estava enterrada sua mãe, e disse:
- Mãezinha, mãezinha, eu fiz como tu disseste, e fiz nascer a serpente. Agora procuram um professor, pois todos os outros a serpente mordeu e matou. Agora, vieram me buscar, eu eu não se o que fazer.
- Minha filha, não tema - disse-lhe a voz - corta quarenta e uma hastes de roseira. Quando a serpente pular em ti, bate nela com as quarenta hastes, e finca com a quadragésima primeira.
Quando a garota chegou no castelo, disse que precisava ir até o jardim. Lá colheu as hastes de roseira e foi até o quarto onde estava o príncipe. Tirou-o da caixa e abriu o Corão para começarem o estudo. Após alguns momentos, o príncipe precipitou-se contra a garota e ela defendeu-se com as hastes de roseira, tal como dissera a voz. O príncipe-serpente acalmou-se e a aula pode continuar. E assim, passaram-se os dias e os meses, e para surpresa e agrado do rei, o príncipe aprendia. Depois de muitas aulas, a garota já não tinha mais nada a ensinar-lhe. Novamente foi recompensada com muitas moedas, voltou para sua casa e entregou tudo à sua madastra.
Os anos passavam e quando o príncipe tinha dezesseis anos, foi até seu pai e disse:
- Pai, eu quero me casar!
Mal ou bem, o rei concordou com o pedido, e procurou uma princesa para casar o filho. O casamento foi feito, sem muita festa ou alarde. Mas logo na primeira noite em que os noivos ficaram juntos, a serpente mordeu a moça e ela morreu. E o mesmo aconteceu com outra e mais outra... Até que o rei foi aconselhado a casar o filho com aquela que havia sido sua professora. Novamente a moça foi trazida ao castelo. E quando passava pelo cemitério onde estava enterrada sua mãe, ela disse:
- Mãezinha, mãezinha, eu dei aulas e ensinei a serpente, tal como tu o disseste. Mas agora, querem que eu seja sua esposa. Eu não sei o que fazer.
- Minha filha, não tema. Veste a pele de quarenta porcos, e a serpente não te atingirá. Quando ele pedir que tu tires a roupa, pede que ele tire a sua primeiro. Quando ele tirar sua roupa, joga-a no fogo, e depois podes deitar com ele sem medo.
A garota fez como disse a voz, e o casamento foi realizado. Quando os noivos foram para o seu quarto, a serpente pulou na garota tentando mordê-la, mas seus dentes não conseguiram atravessar as peles. Então o príncipe disse para que ela tirasse suas roupas. Ela falou para que ele primeiro tirasse a sua. Quando ele o fez, ela jogou a roupa de príncipe no fogo que ardia na lareira do quarto. Então ela viu que diante de si estava um jovem, belo como a Lua no décimo quarto dia, e os noivos abraçaram-se. Na manhã seguinte, os pais do príncipe foram até o quarto dos noivos e ficaram maravilhados com o acontecido. Eram indescritíveis a emoção e a alegria de todos, e logo todo o reino participava desta felicidade.
O príncipe e sua esposa (a jovem que agora era princesa), viveram muito tempo juntos. Mas um dia, o príncipe foi até seu pai e lhe disse:
- Pai, eu quero viajar para o estrangeiro. Se Deus quiser, volto em dois meses.
O rei concordou, e o rapaz arrumou tudo para a sua partida. Ao sair, despediu-se da sua esposa, beijando-a nos olhos.
Tanto o rei como a rainha eram imensamente gratos à moça que, desde o nascimento, tanto ajudara seu filho, culminando com o desencantamento. Assim, tratavam-na melhor que a uma filha verdadeira. Entretanto, este não era o sentimento de outros dentro do castelo: algumas escravas sobreviventes dos tempos dos príncipe-serpente, tinham inveja da sorte da jovem tornada princesa. Quando a rainha, após um mês de ausência do filho, recebeu uma carta sua, as escravas escreveram uma outra carta, onde se lia: "Quero que cortem mãos e pés da minha esposa, e joguem-na fora".
A rainha leu a carta e, cheia de horror, mostrou-a para a princesa. Disse que não conseguiria fazer cumprir a ordem de seu filho, sugerindo que a princesa fugisse. A jovem foi para o seu quarto, vestiu um roupa simples, juntou alguns poucos pertences e partiu.
Depois de algum tempo de andança, a princesa chegou a um lugar onde estavam alguns caixões. Ela estava cansada e triste. Bem perto dela, num dos caixões, estava deitado um jovem. O rapaz levantou-se, foi até ela e disse:
- Ei, garota, como chegaste até aqui sem medo? Saiba que logo virá uma pomba, e se ela te vê, vai matar-te. Vem, deita neste caixão e te esconde.
Mas o jovem deitou-se junto. E deste encontro, a princesa ficou grávida. A pomba veio, trouxe comida ao rapaz que dormia no caixão. Quando a pomba se foi, ele dividiu seu alimento com ela, e assim passavam os dias. Quando chegou o tempo do nascimento do filho que a princesa trazia em seu ventre, o rapaz lhe disse para seguir pelo caminho até uma fonte, em frente da qual havia um palácio.
- Dali, sairá uma jovem, a quem deves dizer: "Por Bachtijar, leva-me para casa, pois vou dar a luz". Ela vai amparar-te, então eu virei e darei um nome para a criança.
A princesa levantou-se, foi até a fonte, sentou-se em uma pedra e aguardou. Do palácio, veio uma jovem escrava com um grande jarro nas mãos. A princesa então falou conforme o rapaz mandara. A escrava levou-a para o palácio, foi até a rainha e contou o que havia acontecido. A rainha emocionada disse para sua filha, irmã mais velha do rapaz:
- Oh, esta jovem conhece meu filho Bachtijar, e certamente é dele que está grávida. Traga-a imediatamente.
A jovem foi levada até a rainha, que a levou para o quarto do seu filho Bachtijar - que estava vazio. Ali ela foi instalada, e logo começou com os trabalhos de parto. Poucas horas depois, nasceu um lindíssimo menino. Exatamente à meia-noite, veio o rapaz e disse que seu filho deveria se chamar Havbetjar, e se foi.
Ele voltou na noite seguinte, e perguntou pelo seu Havbetjar. A princesa respondeu que ele estava no berço, sendo cuidado pela sua irmã mais velha. A moça contou para a rainha e sua cunhada que Bachtijar estava vindo ver seu filho. Na noite seguinte, quando ele voltou, sua mãe e sua irmã o esperavam no quarto. O rapaz tinha sido levado do castelo quando ainda era menino, e todos sentiam muitas saudades. Depois de se abraçarem, ele disse que deveria voltar antes que o pássaro percebesse a sua ausência, mas a mãe fê-lo ficar, pois ainda era muito cedo e as estrelas ainda brilhavam. As horas foram passando, e a rainha sempre dizendo ao seu filho que não fosse, pois era cedo. Assim, a luz do dia chegou e com ela, o pássaro. De um galho, à janela, gritou:
- Ei, Bachtijar, que caia a parede a qual toquei!
Mal disse estas palavras e a parede caiu com grande estrondo. E o pássaro continuou:
- A árvore, sobre a qual estou, deve secar! - e a árvore começou a secar e suas folhas a caírem. E assim continuou a pomba a falar, mostrando todo seu ódio, até que rebentou.
- Graças a Deus!! - disse o rapaz - O pássaro morreu e eu agora estou salvo. Todos se abraçaram, e a rainha disse que agora deveriam tratar do casamento do seu filho com a jovem que tanta felicidade havia trazido àquela casa.
Passados alguns dias, Bachtijar foi até a casa de chá da cidade. Justo neste momento, um jovem estrangeiro entrou e sentou-se perto de Bachtijar. Era o príncipe que havia nascido serpente: quando voltou da sua viagem, foi logo perguntando pela sua esposa. Sua mãe disse-lhe que por causa da sua carta, ela havia ido embora, na direção das montanhas, pois não havia permitido que suas ordens fossem cumpridas. O príncipe não entendeu nada, pois sua carta verdadeira não trazia senão saudações e manifestações de carinho. Viram que se tratava de alguma maldade e ele saiu desesperado a procurar pela sua esposa. Agora estavam ali, bem próximos um do outro, e ele começou a perguntar por ela.
Quando o príncipe contou sua história, Bachtijar percebeu de quem se tratava a moça que aquele jovem buscava. Foi até ele e convidou-o para ir até sua casa. Deixaram a casa de chá e foram para o palácio. Enquanto comiam, contou Bachtijar a sua história, do começo até o final. Depois, foi ao quarto onde estava a jovem e disse-lhe:
- Minha princesa, acaba de chegar teu primeiro marido, e ele vem à tua procura. Diz que a carta que recebeste era uma fraude, e te quer de volta. Tu deves refletir, e depois ir até aquele com o qual queres ficar. Mas te aviso que, se quiseres ir, ficarei com o nosso filho.
Bachtijar voltou e sentou-se. Depois de algum tempo de espera, a jovem veio até a porta. Ali, parou. Quando olhou nos olhos do príncipe serpente, foi direto até ele. Bachtijar disse:
- Deus os abençoe! - e saiu da sala.
Na manhã seguinte, os dois voltaram para sua casa. Trouxeram muita alegria ao rei e à rainha, que tanto sentiam a falta daquela que salvou seu filho do terrível destino de serpente. Renovaram suas bodas com grande festa, que durou quarenta dias e quarenta noites. E a mesma alegria que reinou durante os dias e noites de festa, acompanhou-os por toda a sua vida.

Türkische Märchen, Eugen Diederichs Verlag, Jena, 1925
Traduzido do Alemão por Sergio C. Bello
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Trezentas onças

Trezentas onças

J. Simões Lopes Neto


Eu tropeava, nesse tempo. Duma feita que viajava de escoteiro, com a guaiaca empanzinada de onças de ouro, vim varar aqui neste mesmo passo, por me ficar mais perto da estância da Coronilha, onde devia pousar.

Parece que foi ontem! ... Era fevereiro; eu vinha abombado da troteada.

— Olhe, ali, na restinga, à sombra daquela mesma reboleira de mato que está nos vendo, na beira do passo, desencilhei; e estendido nos pelegos, a cabeça no lombilho, com o chapéu sobre os olhos, fiz uma sesteada morruda.

Despertando, ouvindo o ruído manso da água tão limpa e tão fresca rolando sobre o pedregulho, tive ganas de me banhar; até para quebrar a lombeira... e fui-me à água que nem capincho!

Debaixo da barranca havia um fundão onde mergulhei umas quantas vezes; e sempre puxei umas braçadas, poucas, porque não tinha cancha para um bom nado.

E solito e no silêncio, tornei a vestir-me, encilhei o zaino e montei. Daquela vereda andei como três léguas, chegando à estância cedo ainda, obra assim de braça e meia de sol.

— Ah! . .. esqueci de dizer-lhe que andava comigo um cachorro brasino, um cusco mui esperto e bom vigia. Era das crianças, mas às vezes dava-lhe para acompanhar-me, e depois de sair a porteira, nem por nada fazia cara-volta, a não ser comigo. E nas viagens dormia sempre ao meu lado, sobre a ponta da carona, na cabeceira dos arreios.

Por sinal que uma noite...

Mas isso é outra cousa: vamos ao caso.

Durante a troteada bem reparei que volta e meia o cusco parava-se na estrada e latia e corria pra trás, e olhava-me, olhava-me e latia de novo e troteava um pouco sobre o rastro; — parecia que o bichinho estava me chamando! ... Mas como eu ia, ele tornava a alcançar-me, para daí a pouco recomeçar.
— Pois, amigo! Não lhe conto nada! Quando botei o pé em terra na ramada da estância, ao tempo que dava as — boas tardes! — ao dono da casa, agüentei um tirão seco no coração... não senti na cintura o peso da guaiaca!

Tinha perdido trezentas onças de ouro que levava, para pagamento de gados que ia levantar.

E logo passou-me pelos olhos um clarão de cegar, depois uns coriscos tirante a roxo... depois tudo me ficou cinzento, para escuro...

Eu era mui pobre — e ainda hoje, é como vancê sabe... —; estava começando a vida, e o dinheiro era do meu patrão, um charqueador, sujeito de contas mui limpas e brabo como uma manga de pedras...

Assim, de meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam:

— Então patrício? Está doente?

— Obrigado! Não senhor, respondi, não é doença; é que sucedeu-me uma desgraça: perdi uma dinheirama do meu patrão...

— A la fresca!...

— É verdade... antes morresse, que isto! Que vai ele pensar agora de mim!...

— É uma dos diabos, é... mas; não se acoquine, homem!

Nisto o cusco brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo, como querendo lambê-lo, e logo correu para a estrada, aos latidos. E olhava-me, e vinha e ia, e tornava a latir...

Ah!... E num repente lembrei-me bem de tudo. Parecia que estava vendo o lugar da sesteada, o banho, a arrumação das roupas nuns galhos de sarandi, e, em cima de uma pedra, a guaiaca e por cima dela o cinto das armas, e até uma ponta de cigarro de que tirei uma última tragada, antes de entrar na água, e que deixei espetada num espinho, ainda fumegando, soltando uma fitinha de fumaça azul, que subia, fininha e direita, no ar sem vento...; tudo, vi tudo.

Estava lá, na beirada do passo, a guaiaca. E o remédio era um só: tocar a meia rédea, antes que outros andantes passassem.

Num vu estava a cavalo; e mal isto, o cachorrito pegou a retouçar, numa alegria, ganindo — Deus me perdoe! — que até parecia fala!

E dei de rédea, dobrando o cotovelo do cercado.

Ali logo frenteei com uma comitiva de tropeiros, com grande cavalhada por diante, e que por certo vinha tomar pouso na estância. Na cruzada nos tocamos todos na aba do sombreiro; uns quantos vinham de balandrau enfiado. Sempre me deu uma coraçonada para fazer umas perguntas... mas engoli a língua.

Amaguei o corpo e, penicando de esporas, toquei a galope largo.

O cachorrinho ia ganiçando, ao lado, na sombra do cavalo, já mui comprida.

A estrada estendia-se deserta; à esquerda, os campos desdobravamse a perder de vista, serenos, verdes, clareados pela luz macia do sol morrente, manchados de pontas de gado que iam se arrolhando nos paradouros da noite; à direita, o sol; muito baixo, vermelho-dourado, entrando em massa de nuvens de beiradas luminosas.

Nos atoleiros, secos, nem um quero-quero: uma que outra perdiz, sorrateira, piava de manso por entre os pastos maduros; e longe, entre o resto da luz que fugia de um lado e a noite que vinha, peneirada, do outro, alvejava a brancura de um joão-grande, voando, sereno, quase sem mover as asas, como uma despedida triste, em que a gente também não sacode os braços...

Foi caindo uma aragem fresca; e um silêncio grande, em tudo.

O zaino era um pingaço de lei; e o cachorrinho, agora sossegado, meio de banda, de língua de fora e de rabo em pé, troteava miúdo e ligeiro dentro da polvadeira rasteira que as patas do flete levantavam.

E entrou o sol; ficou nas alturas um clarão afogueado, como de incêndio num pajonal; depois, o lusco-fusco; depois, cerrou a noite escura; depois, no céu, só estrelas... só estrelas...

O zaino atirava o freio e gemia no compasso do galope, comendo caminho. Bem por cima da minha cabeça as Três-Marias, tão bonitas, tão vivas, tão alinhadas, pareciam me acompanhar... lembrei-me dos meus filhinhos, que as estavam vendo, talvez; lembrei-me da minha mãe, do meu pai, que também as viram, quando eram crianças e que já as conheceram pelo seu nome de Marias, as Três-Marias. Amigo! Vancê é moço, passa a sua vida rindo...; Deus o conserve!... sem saber nunca como é pesada a tristeza dos campos quando o coração pena!...

— Há que tempos eu não chorava!... Pois me vieram lágrimas..., devagarinho, como gateando, subiram... tremiam sobre as pestanas, luziam um tempinho... e ainda quentes, no arranco do galope lá caíam elas na polvadeira da estrada, como um pingo d'água perdido, que nem mosca nem formiga daria com ele! ...

Por entre as minhas lágrimas, como um sol cortando um chuvisqueiro, passou-me na lembrança a toada dum verso lá dos meus pagos:

Quem canta refresca a alma,

Cantar adoça o sofrer;

Quem canta zomba da morte:

Cantar ajuda a viver! ...

Mas que cantar podia eu! ...

O zaino respirou forte e sentou e sentou, trocando a orelha, farejando no escuro: o bagual tinha reconhecido o lugar, estava no passo.

Senti o cachorrinho respirando, como assoleado. Apeei-me.

Não bulia uma folha; o silêncio, nas sombras do arvoredo, metia respeito... que medo não, que não entra em peito de gaúcho!

Embaixo, o rumor da água pipocando sobre o pedregulho; vagalumes retouçando no escuro. Desci, dei com o lugar onde havia estado; tenteei os galhos do sarandi; achei a pedra onde tinha posto a guaiaca e as armas; corri as mãos por todos os lados, mais pra lá, mais pra cá...; nada! nada!...

Então, senti frio dentro da alma... o meu patrão ia dizer que eu o havia roubado!... roubado!... Pois então eu ia lá perder as onças!... Qual! Ladrão, ladrão, é que era! ...

E logo uma tenção ruim entrou-me nos miolos: eu devia matar-me, para não sofrer a vergonha daquela suposição. É; era o que eu devia fazer: matar-me... e já, aqui mesmo!

Tirei a pistola do cinto; amartilhei o gatilho... benzi-me, e encostei no ouvido o cano, grosso e frio, carregado de bala. ..

— Ah! patrício! Deus existe! ...

No refilão daquele tormento, olhei para diante e vi... as Três-Marias luzindo na água... o cusco encarapitado na pedra, ao meu lado, estava me lambendo a mão... e logo, logo, o zaino relinchou lá em cima, na barranca do riacho, ao mesmíssimo tempo que a cantoria alegre de um grilo retinia ali perto, num oco de pau!... — Patrício! não me avexo duma heresia; mas era Deus que estava no luzimento daquelas estrelas, era Ele que mandava aqueles bichos brutos arredarem de mim a má tenção...

O cachorrinho tão fiel lembrou-me a amizade da minha gente; o meu cavalo lembrou-me a liberdade, o trabalho, e aquele grilo cantador trouxe a esperança.. .

Eh-pucha! patrício, eu sou mui rude... a gente vê caras, não vê corações...; pois o meu, dentro do peito, naquela hora, estava como um espinilho ao sol, num descampado, no pino do meio-dia: era luz de Deus por todos os lados!...

E já todo no meu sossego de homem, meti a pistola no cinto. Fechei um baio, bati o isqueiro e comecei a pitar.

E fui pensando. Tinha, por minha culpa, exclusivamente por minha culpa, tinha perdido as trezentas onças, uma fortuna para mim. Não sabia como explicar o sucedido, comigo, acostumado a bem cuidar das cousas. Agora... era vender o campito, a ponta de gado manso — tirando umas leiteiras para as crianças e a junta dos jaguanés lavradores — vender a tropilha dos colorados... e pronto! Isso havia de chegar, folgado; e caso mermasse a conta... enfim, havia de se ver o jeito a dar... Porém matar-se um homem, assim no mais... e chefe de família... isso, não!

E despacito vim subindo a barranca; assim que me sentiu, o zaino escarceou, mastigando o freio.

Desmaneei-o, apresilhei o cabresto; o pingo agarrou a volta e eu montei, aliviado.

O cusco escaramuçou, contente; a trote e galope voltei para a estância.

Ao dobrar a esquina do cercado enxerguei luz na casa; a cachorrada saiu logo, acuando. O zaino relinchou alegremente, sentindo os companheiros; do potreiro outros relinchos vieram.

Apeei-me no galpão, arrumei as garras e soltei o pingo, que se rebolcou, com ganas.

Então fui para dentro: na porta dei o — Louvado seja Jesu-Cristo; boa-noite! — e entrei, e comigo, rente, o cusco. Na sala do estancieiro havia uns quantos paisanos; era a comitiva que chegava quando eu saía; corria o amargo.

Em cima da mesa a chaleira, e ao lado dela, enroscada, como uma jararaca na ressolana, estava a minha guaiaca, barriguda, por certo com as trezentas onças dentro.

— Louvado seja Jesu-Cristo, patrício! Boa-noite! Entonces, que tal le foi o susto?...

E houve uma risada grande de gente boa.

Eu também fiquei-me rindo, olhando para a guaiaca e para o guaipeva, arrolhadito aos meus pés...


J. Simões Lopes Neto (Pelotas — RS, 1865 — Pelotas, 1916). Enquanto vivo, o escritor não teve sua obra reconhecia. Consideravam-no por outros motivos, não pelos seus livros. A modificação a seu respeito aconteceria a partir de 1924, através de estudos críticos de João Pinto da Silva, Augusto Meyer e Darcy Azambuja. Desde então, seu nome começou a tomar vulto na posteridade, para afinal impor-se como nosso maior escritor regionalista. A copiosa bibliografia hoje existente sobre a sua obra, em que avultam os trabalhos de Flávio Loureiro Chaves e Lígia C. Moraes Leite, não deixa dúvidas a esse respeito. Com ele o regionalismo ultrapassou as aparências nativistas e as limitações localistas, para tornar-se francamente universal, como sempre acontece com os criadores verdadeiramente representativos da sua terra e da sua gente. Dos três livros por ele publicados em vida, dois se encarregariam, postumamente de fazer-lhe a "carreira literária": "Contos Gauchescos" (1912) e "Lendas do Sul" (1913), ambos editados pela Livraria Universal, de Pelotas — RS.


O texto acima faz parte dos "Contos Gauchescos" e foi extraído do livro "Entrevero", LP&M Editores — Porto Alegre — 1984, pág. 27, edição especial para a MPM Propaganda.

Chopis Centis

Mamonas Assassinas
Composição : Dinho / Júlio Rasec

Eu 'di' um beijo nela
E chamei pra passear
A gente 'fomos' no shopping,
Pra 'mó de' a gente lanchar

Comi uns bichos estranhos,
Com um tal de gergelim
Até que tava gostoso,
Mas eu prefiro aipim

Quanta gente,
Quanta alegria,
A minha felicidade
É um crediário
Nas Casas Bahia (2x)

Esse tal "Chópis Cêntis"
É muicho legalzinho,
Pra levar as namoradas
E dar uns rolêzinhos

Quando eu estou no trabalho,
Não vejo a hora de descer dos andaime
Pra pegar um cinema, ver o Schwarzenegger
"Tombém" o Van Daime.

Quanta gente,
Quanta alegria,
A minha felicidade
É um crediário
Nas Casas Bahia (2x)

A Vaca Estrela e o Boi Fubá

Vaca Estrela e Boi Fubá

Fagner
Composição : Patativa do Assaré

Seu dotô me de licença
Pra minha história contá
Hoje eu tô na terra estranha
E é bem triste o meu pená
Mas já fui muito feliz
Vvendo no meiu lugá
Eu tinha cavalo bom
Gostava de campeá
E todo dia aboiava
Na porteira do currá

Ê, vaca Estrela, ô, boi Fubá

Eu sou fio do nordeste
Não nego o meu naturá
Mas uma seca medonha
Me tangeu de lápra cá
Lá eu tinha o meu gadinho
Não é bom nem imaginá
Minha linda vaca Estrela
E o meu belo boi Fubá
Quando era de tardezinha
Eu começava a aboiá

Ê, vaca Estrela, ô, boi Fubá

Aquela seca medonha
Fez tudo se trapaiá
Não nasceu capim no campo
Para o gado sustentá
O sertão esturricô, fez os açude secá
Morreu minha vaca Estrela
Se acabou meu boi Fubá
Perdi tudo quanto eu tinha
Nunca mais pude aboiá

Ê, vaca Estrela, ô, boi Fubá

Hoje nas terra do sul
Longe do torrão natá
Quando eu vejo em minha frente
Uma boiada passá
As água corre dos oios
Começo logo a chorá
Lembro minha vaca Estrela
E o meu lindo boi Fubá
Com sodade do nordeste
Dá vontade de aboiá

Ê, vaca Estrela, ô, boi Fubá

CUITELINHO

Cheguei na beira do porto
Onde as onda se espaia
As garça dá meia volta
E senta na beira da praia
E o cuitelinho não gosta
Que o botão de rosa caia,ai,ai

Ai quando eu vim
da minha terra
Despedi da parentaia
Eu entrei no Mato Grosso
Dei em terras paraguaia
Lá tinha revolução
Enfrentei fortes batáia,ai, ai

A tua saudade corta
Como aço de naváia
O coração fica aflito
Bate uma, a outra faia
E os óio se enche d´água
Que até a vista se atrapáia, ai...

segunda-feira, 28 de março de 2011

O ENCANTO DA MÃE D'ÁGUA

Esta é uma das mais belas lendas da Amazônia! Conta o povo que, nas noites de luar, os lagos ficam iluminados e dá para ouvir as cantigas das festas e o bate-pé das danças nas quais Iara (assim é chamada a Mãe d’Água) se diverte.

Um jovem pescador remava tranqüilo e feliz, descendo o Rio Negro, em sua canoa cheinha de tucunarés e outros peixes. Para ele, aquele fim de tarde era o mais bonito de toda a sua vida. O céu estava pintado com umas duzentas cores, cada uma mais bonita do que a outra. Era mesmo de admirar!

Quando estava quase chegando em casa avistou, no meio da floresta, algumas crianças de uma tribo brincando e cantando. Ficou encantado com a cena! E nem percebeu quando a canoa entrou em um braço de rio.

Foi passar por ali e começar a sentir umas coisas esquisitas! Arrepiava e sentia frio e calor ao mesmo tempo. Um pouco assustado, olhava de um lado para o outro, mas não via nada. Nadinha mesmo. Assim, seguiu remando.

Muitas vitórias-régias boiavam na beira do rio. De repente... Opa! O jovem avistou algo estranho, mas muito bonito. Em uma das margens do rio nascia outro rio, com água muito brilhante e cristalina. Além da beleza da água, o som de uma cachoeira vinha de lá. Bem que ele tentou desviar. Mas parecia haver um ímã!

Da cachoeira saíam uma gotas que pareciam chuva de prata. E, no meio da chuva, o pescador viu uma luz verde, muito brilhante, descansando sobre as pedras.

Curioso, ele resolveu se aproximar. Viu que a luz se mexia. Chegou mais perto e ficou espantado: a luz tinha a forma de uma mulher. Os cabelos eram negros e compridos. A mulher era linda, a mais bela que ele já havia visto. E ainda cantava mais bonito do que todos os passarinhos juntos! Ele ficou de queixo caído! E tentou tocar naquela imagem.

Grande erro. Não devia ter feito isso! A mulher se assustou e, tchibummmm!, mergulhou no lugar mais fundo do rio. O pescador, então, ficou esperando. Ela tinha de voltar.

Pura decepção, pois a mulher de longos cabelos negros não voltou mais.

O que fez o pescador? Mergulhou para sempre nas águas do rio. Foi atrás de Iara, a Mãe d’Água.

Você acha que a lenda terminou? Agora é que começa: quem olha descuidadamente o espelho do rio ou da lagoa vê a Iara. Ela está lá, com os olhos bem abertos, e, num passe de mágica, atrai a pessoa para o fundo do seu mundo encantado.

terça-feira, 8 de março de 2011

O Apelo da Natureza

Para que sujar?
Para que poluir?
Temos que cuidar
Para o planeta sorrir.



Cadê o amor?
Cadê a paixão?
Cadê o carinho
Que temos em nosso coração?



Para que desmatar?
Para que destruir?
Temos é que preservar
O que nos resta aqui!

                     Samarah C.P.O Silva
                     6º "B" - CERL
                     Profª Silvia Deus
                     03.03.2011

Salve, Salve, Natureza!!

Salve a Natureza
De lindas folhagens
De muitos animais e cores
E suas lindas pastagens.


Salve a Natureza
Que sofre bastante.
Vamos preservar
Para os animais ajudar.


Salve a Natureza
Linda e bela
Que amamos demais
Todo mundo é capaz.

                                Arthur, 6º "B", CERL, 2011
                                Profª Silvia Deus
                                Itaberaí-GO  ( 03.03.2011 )

sábado, 5 de março de 2011

MULHER, HEROÍNA SEM ROSTO

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                                        Ana Cecilia Pereyra
                       




     O real sentido da palavra heroína não remete a alguém com poderes sobrenaturais que surge à noite para salvar a cidade das garras de algum ser malvado. A verdadeira heroína é a que foi vencendo obstáculos à medida em que surgiram.
     O seu trabalho consiste em algo mais difícil do que capturar o delinquente mais procurado. O seu objetivo máximo é aquele que melhor sabe fazer: educar o ser humano e dar amor.
     O sexo feminino é a principal fonte de subsistência, pois não apenas concebe uma criatura em seu ventre, mas a conserva, deixa-a crescer em seu interior, sempre consciente de que o que está dentro dela é um milagre que irá mudar a sua existência. Assim é como a mulher se torna mãe, não apenas potencialmente, mas dando início ao ato da maternidade.
      Uma mãe não se separa do seu filho até que este seja capaz de se virar por conta própria e, quando chega esse momento, aquele ser maravilhoso trará impresso o selo de quem o educou e o levou pelos caminhos da melhor educação.
      Na grande maioria das vezes, aclamamos ilustres personagens da história por suas grandes obras, por suas ideias, pela sua maneira de mudar o mundo por meio de sua luta. Poucas são as pessoas que param e se aprofundam em tal admiração e se dão conta de que os maiores filósofos, cientistas e escritores tiveram mãe. Uma mulher ao seu lado, sempre velando pelo seu bem e mantendo-os em suas entranhas. Alguém que foi capaz de os ver crescer até onde foi possível e até que seus olhos estivessem cansados. No fim das contas, foi uma mãe quem deu o impulso para que um grande pensador contribuísse com suas ideias e invenções, desde os pré-socráticos aos intelectuais mais próximos a este século.
      Você, que é mãe, tem uma grande oportunidade de formar um líder. Deve se sentir privilegiada e orgulhosa, pois foi entregue a você a ocasião perfeita de impulsionar heróis para a sociedade.
      Você, condutora de cada passo, educadora do futuro, heroína oculta.


Ana Cecilia Pereyra, Colaboradora do site Mujer Nueva
Fonte: site Mujer Nueva - www.mujernueva.org
Publicado no Portal da Família em 05/03/2007

DIA INTERNACIONAL DA MULHER



História do 8 de março

     No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.
     A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.
     Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).


Objetivo da Data 

     Ao ser criada esta data, não se pretendia apenas comemorar. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.

Fonte:

dia internacional da mulher - sua pesquisa

CONQUISTA DAS MULHERES BRASIEIRAS

        Podemos dizer que o dia 24 de fevereiro de 1932 foi um marco na história da mulher brasileira. Nesta data foi instituído o voto feminino. As mulheres conquistavam, depois de muitos anos de reivindicações e discussões, o direito de votar e serem eleitas para cargos no executivo e legislativo.

MARCOS DAS CONQUISTAS DAS MULHERES NA HISTÓRIA

  • 1788 - o político e filósofo francês Condorcet reivindica direitos de participação política, emprego e educação para as mulheres.
  • 1840 - Lucrécia Mott luta pela igualdade de direitos para mulheres e negros dos Estados Unidos.
  • 1859 - surge na Rússia, na cidade de São Petersburgo, um movimento de luta pelos direitos das mulheres.
  • 1862 - durante as eleições municipais, as mulheres podem votar pela primeira vez na Suécia.
  • 1865 - na Alemanha, Louise Otto, cria a Associação Geral das Mulheres Alemãs.
  • 1866 - No Reino Unido, o economista John S. Mill escreve exigindo o direito de voto para as mulheres inglesas
  • 1869 - é criada nos Estados Unidos a Associação Nacional para o Sufrágio das Mulheres
  • 1870 - Na França, as mulheres passam a ter acesso aos cursos de Medicina.
  • 1874 - criada no Japão a primeira escola normal para moças
  • 1878 - criada na Rússia uma Universidade Feminina
  • 1901 - o deputado francês René Viviani defende o direito de voto das mulheres.

Fonte:

dia internacional da mulher - sua pesquisa

PERÍODO COMPOSTO

As orações podem ser constituídas da seguinte forma:

Períodos simples » são aqueles formados por uma só oração.

Exemplo:

O mar estava calmo. (Aparece apenas um verbo: estava. Logo, período simples).

Períodos compostos » são aqueles formados por duas ou mais orações.

Exemplo:

A sessão começou calma e terminou agitada. (Aparecem dois verbos: começou e terminou. Logo, período composto).

O período composto pode ser classificado em:

Coordenação;
Subordinação.

Nesse primeiro tutorial falaremos sobre Período Composto por Subordinação, cujo período é formado por uma oração principal e uma oração subordinada.

As orações subordinadas podem ser:

- oração subordinada substantiva;
- oração subordinada adjetiva;
- oração subordinada adverbial.

ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS


Como o próprio nome diz, são orações que exercem as funções sintáticas dos substantivos. Vejamos como são classificadas e quais as funções exercidas:


CLASSIFICAÇÃO DA ORAÇÃO
FUNÇÃO EXERCIDA
Subjetiva
Sujeito da oração principal
Objetiva direta
Objeto direto do verbo da oração principal
Objetiva indireta
Objeto indireto do verbo da oração principal.
Predicativa
Predicativo do sujeito da oração principal.
Completiva nominal
Complemento nominal de um termo da oração principal.
Apositiva
Aposto de um termo da oração principal


ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA SUBJETIVA

Exerce a função de sujeito da oração principal.

Exemplos:

É necessário que você estude o projeto.

Foi decidido que o veículo fará uma revisão completa.

Sabendo que a oração subordinada substantiva subjetiva funciona como sujeito, não poderá haver sujeito dentro da oração principal.

ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA OBJETIVA DIRETA


Funciona como objeto direto do verbo da oração principal.

Exemplos:

Os estudos mostram que muitos jovens são viciados em álcool.

O gerente explicou que metas foram alcançadas.

ORAÇÃO SUBORDINADA OBJETIVA INDIRETA


Funciona como objeto indireto do verbo da oração principal. Assim como o objeto indireto, a oração subordinada objetiva indireta é iniciada por uma preposição.

Exemplos:

A empresa necessitava de que a mercadoria fosse entregue.

Os trabalhadores aspiram a que respeitem seus direitos trabalhistas.

ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA COMPLETIVA NOMINAL


Funciona como complemento nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio da oração principal.

Exemplos:

Roberto estava convicto de que Elis voltaria.

A estudante estava esperançosa de que a prova sobre o sistema biológico fosse fácil.

ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA PREDICATIVA


Exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal.

Exemplos:

Nossa esperança é que as nações busquem a paz.

Nossa preocupação era que Roberto permanecesse doente.

ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA APOSITIVA


Funciona como aposto da oração principal, ou seja, funciona como uma explicação de uma palavra da oração principal.

Exemplos:

A esperança dos países pobre é uma: que a distribuição de renda seja mais justa.

Só lhe peço isso: que me obedeça.

A seguir veremos alguns exercícios resolvidos.

Nas frases abaixo o termo destacado tem sua função sintática indicada entre parênteses. Vamos substituí-lo por uma oração subordinada substantiva equivalente.

a) É aconselhável a sua permanência na sala. (sujeito)

É aconselhável que você permaneça na sala.
                            Oração subordinada substantiva subjetiva


b) Só esperávamos uma coisa: a chegada do aniversariante. (aposto)

Só esperávamos uma coisa: que chegasse o aniversariante.
                                                    Oração subordinada substantiva apositiva


c) Divulgou-se a demissão do ministro.

Divulgou-se que o ministro foi demitido.
                          Oração subordinada substantiva subjetiva


ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA


São orações que têm o valor e a função do adjetivo. Sempre se referem a um substantivo ou pronome da oração principal. São sempre iniciadas por pronomes relativos (que, quem, qual, quanto, onde, cujo).

Exemplos:

O computador japonês causou boas impressões.
                                    Adjetivo


O computador que é japonês causou boas impressões.
                           Oração subordinada adjetiva


É um trabalho emocionante.
                                     Adjetivo


É um trabalho que emociona.
                          Oração subordinada adjetiva


CLASSIFICAÇÃO DA ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA


Dependendo do sentido que as orações subordinadas adjetivas têm no texto, elas podem ser classificadas como:

RESTRITIVAS
EXPLICATIVAS

ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA RESTRITIVA


São aquelas que restringem o sentido do substantivo ou pronome a que se referem.

Exemplos:

Os políticos que são honestos merecem nosso respeito.
                    Oração subordinada adjetiva restritiva


De acordo com a oração não são todos os políticos que merecem respeito, mas apenas um conjunto restrito, ou seja, aqueles que são honestos.

Ele implantou o sistema que nós desenvolvemos.
                                       Oração subordinada adjetiva restritiva


A oração que nós desenvolvemos restringe o significado da palavra sistema. Ele não implantou um sistema qualquer e sim um sistema específico, ou seja, o que nós desenvolvemos.

ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA EXPLICATIVA


São orações que servem para esclarecer melhor o sentido do termo a que se refere, explicando detalhadamente sua característica principal.

Exemplos:

O problema, que era de fácil resolução, deixou os alunos apreensivos.
                          Oração subordinada adjetiva explicativa      


O aluno, que era irresponsável, vivia faltando às aulas.
       Oração subordinada adjetiva explicativa

Veremos alguns exercícios resolvidos sobre oração subordinada adjetiva.

Transformar o adjetivo destacado em oração subordinada adjetiva:

a) Eles escreviam cartas emocionantes.

Eles escreviam cartas que emocionavam.

b) Os avós tinham atitudes agradáveis.

Os avós tinham atitudes que agradavam.

SÍNTESE DO TUTORIAL


O período composto pode ser classificado em:

Coordenação;
Subordinação.

As orações subordinadas podem ser classificadas em:

Oração subordinada substantiva
Oração subordinada adjetiva
Oração subordinada adverbial.

A oração subordinada substantiva pode ser classificada em:

Subjetiva » tem a função de sujeito;
Objetiva direta » tem a função de objeto direto;
Objetiva indireta » tem a função de objeto indireto;
Predicativa » tem a função de predicativo do sujeito;
Completiva nominal » tem a função de complemento nominal;
Apositiva » tem a função de aposto.

As orações subordinadas adjetivas podem ser classificadas em:

Restritivas » são aquelas que restringem o sentido do nome a que se refere;
Explicativas » explicam melhor o nome a que se refere.

http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/josebferraz/periodocomposto001.asp

ORAÇÕES SUBORDINADAS


     São orações dependentes sintaticamente de outra. Exercem uma função sintática correspondente ao substantivo, adjetivo ou advérbio.
                    Exemplo:
     Os credores internacionais esperavam  / que o Brasil suspendesse o pagamento dos juros.

     Nesse exemplo, a segunda oração está subordinada à primeira, pois exerce função sintática de objeto direto do verbo esperar.



  • Orações subordinadas substantivas
      São aquelas que exercem função sintática própria de um substantivo, a saber: sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo do sujeito, aposto ou agente da passiva. Assim temos:

            
a) Subjetiva
Função de sujeito em relação ao verbo da principal.
                    Exemplos:
É importante / que tenhamos o equilíbrio da balança comercial.
Ainda se espera / que o governo mude as normas do imposto de renda.
Ainda era esperado / que a equipe palmeirense se reabilitasse.
Consta / que haverá mudanças no ministério, caso o presidente seja reeleito.

b) Objetiva direta
Função de objeto direto em relação ao verbo da principal.
                    Exemplo:
Os contribuintes esperam / que o governo altere as normas do imposto de renda.

c) Objetiva indireta
Função de objeto indireto em relação ao verbo da principal.
                    Exemplo:
O país necessita / de que se faça uma melhor distribuição de renda.

d) Completiva nominal
Função sintática de complemento nominal em relação a um substantivo, adjetivo ou advérbio da principa

Exemplos:
O país tem necessidade / de que se faça uma reforma social.
O governador era contrário / a que mudassem as regras do jogo.
Percebia-se que agia favoravelmente / a que mudassem as regras do jogo.

e) Predicativa
Função de predicativo do sujeito em relação à principal.
                    Exemplo:
O medo dos empresários era / que sobreviesse uma violenta recessão.

f) Apositiva
Função de aposto em relação a um termo da principal.
                    Exemplo:
O receio dos jogadores era esse: / que o técnico não os ouvisse.

g) Agente da passiva
Função de agente da passiva em relação à principal.
                    Exemplo:
O assunto era explicado / por quem o entendia profundamente.



  • Orações subordinadas adjetivas
      São aquelas que exercem função sintática própria de um adjetivo:

a) Restritivas
Restringem, limitam o sentido de um termo da oração principal. Não são isoladas por vírgulas.
                    Exemplo:
A doença que surgiu nestes últimos anos pode matar muita gente.

b) Explicativas
Explicam, generalizam o sentido de um termo da oração principal. São isoladas por vírgulas.
                    Exemplo:
As doenças, que são um flagelo da humanidade, já mataram muita gente.

                   Observação:
As orações subordinadas adjetivas são introduzidas por pronomes relativos: que, quem, o qual, a qual, cujo, onde, como, quando etc.
Os pronomes relativos exercem funções sintáticas, a saber:

a) Sujeito
                    Exemplo:
Os trabalhadores que fizeram greve exigiam aumento salarial.
(= Os trabalhadores fizeram greve.)

b) Objeto direto
                    Exemplo:
As reivindicações que os trabalhadores faziam preocupavam os empresários.
(= Os trabalhadores faziam as reivindicações.)

c) Objeto indireto
                    Exemplo:
O aumento de que todos necessitavam proveria o sustento da casa.
(= Todos necessitavam do aumento.)

d) Complemento nomina
                    Exemplo:
O aumento de que todos tinham necessidade proveria o sustento da casa.
(= Todos tinham necessidade do aumento.)

e) Predicativo do sujeito
                    Exemplo:
O grande mestre que ele sempre foi agradava a todos.
(= Ele sempre foi o grande mestre.)

f) Adjunto adnominal
                    Exemplo:
Os peregrinos de cujas contribuições a paróquia dependia retornaram à sua cidade.
(= A paróquia dependia de suas contribuições.)

g) Adjunto adverbial
                    Exemplo:
Observem o jeitinho como ela se requebra.
(= Ela se requebra com jeitinho.)



  • Orações subordinadas adverbiais
São aquelas que exercem função sintática própria de advérbio, ou seja, adjunto adverbial em relação à principal.

a) Causal
                    Exemplo:
Todos se opuseram a ele, porque não concordavam com suas idéias.

b) Condicional
                    Exemplo:
Se houvesse opiniões contrárias, o acordo seria desfeito.

c) Temporal
                    Exemplo:
Assim que chegou a casa, resolveu os problemas.

d) Proporcional
                    Exemplo:
Quanto mais obstáculos surgiam, mais ele se superava.

e) Final
                    Exemplo:
O pai sempre trabalhou para que os filhos estudassem.

f) Conformativa
                    Exemplo:
Os jogadores procederam segundo o técnico lhes ordenara.

g) Consecutiva
                    Exemplo:
Suas dívidas eram tantas que vivia nervoso.

h) Concessiva
                    Exemplo:
Embora enfrentasse dificuldades, procurava manter a calma.

i) Comparativa
                    Exemplo:
Ele sempre se comportou tal qual um cavalheiro.


http://www.coladaweb.com/portugues/periodo-composto